Oito de julho, uma data de
grande relevância para a história política de Senador Sá, nesta mesma data,
nasceu e morreu dois grandes políticos que a história de nossa humilde cidade
jamais poderá renegar. Nasceu nesta data, Sancho Rodrigues de Oliveira e morreu
nesta mesma data, Francisco Xavier de Mesquita, portanto na história política
de nossa cidade no dia 8 de julho, o júbilo e o luto andam juntos.
No início deste ano nós
falamos um pouco da vida e obra de Francisco Xavier de Mesquita que faleceu em
8 de julho de 2002 (você pode rever esta matéria AQUI). Hoje, por ocasião do
aniversário de Sancho Rodrigues de Oliveira, homem de inegável histórico político
no território senadorsaense, a matéria é dele. Sancho, como é mais conhecido, é um personagem ilustre e unânime na história
política (pós emancipação) de Senador Sá.
Vamos lá..
Vamos lá..
Sancho Rodrigues de Oliveira,
nasceu em 08 de julho de 1931, na localidade denominada de Travessão, na região
do Penedo, limite entre Senador Sá e Uruoca. Era filho de Joaquim Sancho de
Oliveira e Maria Dalila de Oliveira, viveu toda a sua infância na dita região
onde seu pai Joaquim Sancho era morador de uma das propriedades de Joaquim
Ferreira Apoliano, era, portanto, na linguagem popular, vaqueiro do Coronel
Apoliano. Nas terras, além de morar e trabalhar nos imensos roçados do Coronel Apoliano, Joaquim Sancho tambem exercia a função de oleiro, todavia a renda com essa atividade era toda sua, dizem que os "Sanchos" tinha grande habilidade
na fabricação de telhas e ladrilhos. Pai de cinco filhos vivos, sendo três
homens e duas mulheres, Joaquim desde cedo já os botou para trabalhar consigo e
ajudar a levar o sustento para casa, levava-os constantemente para a olaria para
ajudá-lo na labuta da fabricação de telhas e ladrilhos, de acordo com os
relatos a olaria onde ‘Os Sanchos’ trabalhavam ficava na localidade de barra do
mel, apesar do trabalho, Joaquim Sancho, não esqueceu de botá-los para estudar
na casa de uma professora que ficava na localidade de Goiana, assim como a
barra do mel, também na região do penedo, de acordo com as informações todos
foram alfabetizados.
Igreja de Campanário (foto google) |
No início da década de 40,
‘OS SANCHOS’ como era conhecida a família de Oleiros, conseguiu por ocasião da
construção da Igreja de Campanário, ganhar um bom dinheiro, de acordo com relatos
de familiares, foi das mãos deles que saíram na época, todas as telhas e
ladrilhos para a construção do edifício, que foi um dos marcos da povoação do
hoje distrito de Uruoca. Sancho Rodrigues tinha na época entre 9 a 10 anos, todavia
lembra com muita clareza deste farto tempo.
Entre um trabalho e outros
sempre na encosta do pai e sem ter com o que gastar, Sancho conseguiu juntar
dinheiro e já na faixa dos 20 anos, conseguiu comprar uma mula (burra), que na
época era um grande patrimônio. Desta burra, conforme relatos, surgiu o
primeiro negócio de Sancho, uma bodega que o mesmo adquiriu através de troca com
dito animal com um comerciante da localidade de Riachão, hoje Uruoca, a bodega
foi traslada de Riachão para Senador Sá no lombo do comboio de Vicente Freire, e instalada em uma casa situada nas proximidades
do mercado central, mais precisamente no local onde hoje é o deposito M.
Aurélio Construções e a farmácia MD.
Conformes os cruzamentos de
relatos, Sancho teria chegado a Senador Sá em junho de 1952, as vésperas da
fogueira de São Pedro, o mesmo vinha instalar-se com a bodega recém adquirida
no centro comercial da localidade mais movimentada da época, Senador Sá. Na
bodega de Sancho vendia basicamente refresco, rapadura e fumo de rola, posteriormente
Sancho foi incorporando outras coisas e começou a comprar chapéu, vender tecido
e lampião, foi quando o negócio melhorou.
Sancho desde moço, sempre
gostou de estar rodeado de pessoas, sua bodega até altas horas (naquela época depois
de seis já era tarde) era cheia de gente fumando e tomando "uns trago" (sic) as suas
custas.
Sancho até esta data nem
sonhava em ser político, a história e as circunstâncias não propiciavam isso
naquele momento, todavia, como diz o ditado ‘o que é do homem o bicho não come’
ou seja, aquilo que ao um ser estar destinado uma hora se cumprirá.
Armando Aguiar |
Narram os de boa recordação,
que tudo começou politicamente para Sancho, quando o filho de um líder político
de Massapê na época, Francisco Armando Aguiar, primo de José Aguiar Filho, veio
fazer uma visitinha ao primo em Senador Sá.
Jose Aguiar, tinha uma casa também
ali nas proximidades do mercado central, uns dizem que a casa é a que hoje mora
o ex-vereador Raimundo Rodrigues Bastos (Raimundo Mamede) outros dizem que é a
vizinha do lado esquerdo a esta, detalhe à parte, o fato é que vindo ao
distrito para agilizar a política da qual sua família fazia parte na região, ‘Os
Aguiares’, acabou por encontrar em Sancho o homem que eles procuravam para
representação no distrito.
Para que o leitor entenda
vamos fazer uma breve contextualização:
Em Massapê, desde 1920 quem
liderava a política era basicamente ‘Os Pontes’, que viviam em embate constante
com ‘Os Aguiares’, que era a outra corrente política forte no município. Senador
Sá era o maior distrito de Massapê e aqui maciçamente eram “pontes”, sobrando
algumas dezenas de eleitores para os demais, nisso no final da década de
quarenta foi enviado para a região, mais precisamente para a fazenda BOCA DA
PICADA, José Aguiar Filho, para cuidar da política ‘dos Aguiares’ na redondeza.
No entanto, José Aguiar, que passara uma temporada no amazonas, trouxe consigo
as formas de tratar e a fama de homem perigoso. Andando sempre armado, com seu
jeito turrão, após “dar de chicote em vários homens da pitombeiras” (sic), vinha
caindo no desgosto do eleitorado e a família (Aguiar) buscava alguém que levantasse
a moral deles no referido distrito, Sancho caiu como uma luva, essa daria ‘um
cabo e tanto’.
Narram alguns que era por
volta das 6 para as 7 da noite, quando aconteceu o insight. O hóspede que estava na residência de José Aguiar via e
observava atentamente aquela movimentação no comércio daquele jovem recém-chegado
ao território e viu neste o homem ideal para pedir voto para eles, um homem
novo, ainda sem corrente política e bem popular. De acordo com os relatos, o jovem estava
noivo com uma das filhas, dita por muitos, como a mais bonita das filhas da família
‘SÉRGIO’ bastante conhecidos no distrito na época, que nós não iremos no aprofundar
por falta de informação ainda.
No dia seguinte o jovem
comerciante que tinha aproximadamente 22 anos, foi chamado pelo líder local dos
‘Aguiares’, o senhor Zé Aguiar como era conhecido, que o convocou a pedido do
hóspede. Na reunião, Armando Aguiar teria feito o convite a Sancho para
participar da sua política, na época, já era para começar a pedir voto para um
deputado ligado à família naquele mesmo ano.
Dalí em diante, Sancho só
cresceu no cenário político local. Na primeira eleição do município recém emancipado
que aconteceu em 1958, Sancho já saiu como candidato a vice, na segunda eleição
(1962) foi eleito vereador o mais votado, na terceira eleição (1966) foi eleito
prefeito, na eleição seguinte indicou e elegeu seu companheiro José Aguiar
Filho (1970) em 1972 foi candidato único e logicamente eleito; em 1976 indica
Alexandre Fonseca Marques e o elege; em 1982, indica Francisco Xavier de
Mesquita (seu cunhado) e também o elege; em 1988, juntamente com Nenen Mesquita
elegem, Lucileda de Oliveira Lima (sua filha); em 1992 foi derrotado, voltando
em 1996, como vereador, na eleição seguinte(2000) foi novamente eleito
prefeito, em 2004 foi derrotado, em 2008, indica e elege Alex Sandro Oliveira (seu
filho), este permanece até 2016, onde a exemplo do pai, indicou e elegeu Regina
Lucia Vasconcelos Cordeiro...
A história política de Sancho
é um verdadeiro manual da política senadorsaense, contá-la aqui em poucas páginas
é algo impossível. Ressaltamos aos leitores que o resumo acima ainda é fruto de
pesquisa em andamento, portanto, susceptíveis a erros e equívocos, todavia nada
que venha modificar a essência histórica dos fatos.
Sancho é, e continuará sendo por
muito tempo ainda, o personagem mais importante da nossa história política pós-emancipação,
e o melhor, ainda vivo.
Parabéns senhor Sancho pelos
seus 86 anos de muita história!
Matéria escrita por Robson Yguana
Escrita com base em depoimentos orais.
ajude-nos a fazer a historia de Senador Sá, nosso email é: correiosenadorsaense@gmail.com
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