domingo, 9 de julho de 2017

HISTORIA DE SENADOR SÁ | COMO SANCHO RODRIGUES ENTROU NA POLÍTICA

Oito de julho, uma data de grande relevância para a história política de Senador Sá, nesta mesma data, nasceu e morreu dois grandes políticos que a história de nossa humilde cidade jamais poderá renegar. Nasceu nesta data, Sancho Rodrigues de Oliveira e morreu nesta mesma data, Francisco Xavier de Mesquita, portanto na história política de nossa cidade no dia 8 de julho, o júbilo e o luto andam juntos.

No início deste ano nós falamos um pouco da vida e obra de Francisco Xavier de Mesquita que faleceu em 8 de julho de 2002 (você pode rever esta matéria AQUI). Hoje, por ocasião do aniversário de Sancho Rodrigues de Oliveira, homem de inegável histórico político no território senadorsaense, a matéria é dele. Sancho, como é mais conhecido, é um personagem ilustre e unânime na história política (pós emancipação) de Senador Sá.
Vamos lá..
Sancho Rodrigues de Oliveira, nasceu em 08 de julho de 1931, na localidade denominada de Travessão, na região do Penedo, limite entre Senador Sá e Uruoca. Era filho de Joaquim Sancho de Oliveira e Maria Dalila de Oliveira, viveu toda a sua infância na dita região onde seu pai Joaquim Sancho era morador de uma das propriedades de Joaquim Ferreira Apoliano, era, portanto, na linguagem popular, vaqueiro do Coronel Apoliano. Nas terras, além de morar e trabalhar nos imensos roçados do Coronel Apoliano, Joaquim Sancho tambem exercia a função de oleiro, todavia a renda com essa atividade era toda sua, dizem que os "Sanchos" tinha grande habilidade na fabricação de telhas e ladrilhos. Pai de cinco filhos vivos, sendo três homens e duas mulheres, Joaquim desde cedo já os botou para trabalhar consigo e ajudar a levar o sustento para casa, levava-os constantemente para a olaria para ajudá-lo na labuta da fabricação de telhas e ladrilhos, de acordo com os relatos a olaria onde ‘Os Sanchos’ trabalhavam ficava na localidade de barra do mel, apesar do trabalho, Joaquim Sancho, não esqueceu de botá-los para estudar na casa de uma professora que ficava na localidade de Goiana, assim como a barra do mel, também na região do penedo, de acordo com as informações todos foram alfabetizados.
Igreja de Campanário (foto google)
No início da década de 40, ‘OS SANCHOS’ como era conhecida a família de Oleiros, conseguiu por ocasião da construção da Igreja de Campanário, ganhar um bom dinheiro, de acordo com relatos de familiares, foi das mãos deles que saíram na época, todas as telhas e ladrilhos para a construção do edifício, que foi um dos marcos da povoação do hoje distrito de Uruoca. Sancho Rodrigues tinha na época entre 9 a 10 anos, todavia lembra com muita clareza deste farto tempo.
Entre um trabalho e outros sempre na encosta do pai e sem ter com o que gastar, Sancho conseguiu juntar dinheiro e já na faixa dos 20 anos, conseguiu comprar uma mula (burra), que na época era um grande patrimônio. Desta burra, conforme relatos, surgiu o primeiro negócio de Sancho, uma bodega que o mesmo adquiriu através de troca com dito animal com um comerciante da localidade de Riachão, hoje Uruoca, a bodega foi traslada de Riachão para Senador Sá no lombo do comboio de Vicente Freire, e instalada em uma casa situada nas proximidades do mercado central, mais precisamente no local onde hoje é o deposito M. Aurélio Construções e a farmácia MD.
Conformes os cruzamentos de relatos, Sancho teria chegado a Senador Sá em junho de 1952, as vésperas da fogueira de São Pedro, o mesmo vinha instalar-se com a bodega recém adquirida no centro comercial da localidade mais movimentada da época, Senador Sá. Na bodega de Sancho vendia basicamente refresco, rapadura e fumo de rola, posteriormente Sancho foi incorporando outras coisas e começou a comprar chapéu, vender tecido e lampião, foi quando o negócio melhorou.
Sancho desde moço, sempre gostou de estar rodeado de pessoas, sua bodega até altas horas (naquela época depois de seis já era tarde) era cheia de gente fumando e tomando "uns trago" (sic) as suas custas.
Sancho até esta data nem sonhava em ser político, a história e as circunstâncias não propiciavam isso naquele momento, todavia, como diz o ditado ‘o que é do homem o bicho não come’ ou seja, aquilo que ao um ser estar destinado uma hora se cumprirá.
Armando Aguiar
Narram os de boa recordação, que tudo começou politicamente para Sancho, quando o filho de um líder político de Massapê na época, Francisco Armando Aguiar, primo de José Aguiar Filho, veio fazer uma visitinha ao primo em Senador Sá.
Jose Aguiar, tinha uma casa também ali nas proximidades do mercado central, uns dizem que a casa é a que hoje mora o ex-vereador Raimundo Rodrigues Bastos (Raimundo Mamede) outros dizem que é a vizinha do lado esquerdo a esta, detalhe à parte, o fato é que vindo ao distrito para agilizar a política da qual sua família fazia parte na região, ‘Os Aguiares’, acabou por encontrar em Sancho o homem que eles procuravam para representação no distrito.
Para que o leitor entenda vamos fazer uma breve contextualização:
Em Massapê, desde 1920 quem liderava a política era basicamente ‘Os Pontes’, que viviam em embate constante com ‘Os Aguiares’, que era a outra corrente política forte no município. Senador Sá era o maior distrito de Massapê e aqui maciçamente eram “pontes”, sobrando algumas dezenas de eleitores para os demais, nisso no final da década de quarenta foi enviado para a região, mais precisamente para a fazenda BOCA DA PICADA, José Aguiar Filho, para cuidar da política ‘dos Aguiares’ na redondeza. No entanto, José Aguiar, que passara uma temporada no amazonas, trouxe consigo as formas de tratar e a fama de homem perigoso. Andando sempre armado, com seu jeito turrão, após “dar de chicote em vários homens da pitombeiras” (sic), vinha caindo no desgosto do eleitorado e a família (Aguiar) buscava alguém que levantasse a moral deles no referido distrito, Sancho caiu como uma luva, essa daria ‘um cabo e tanto’.
Narram alguns que era por volta das 6 para as 7 da noite, quando aconteceu o insight. O hóspede que estava na residência de José Aguiar via e observava atentamente aquela movimentação no comércio daquele jovem recém-chegado ao território e viu neste o homem ideal para pedir voto para eles, um homem novo, ainda sem corrente política e bem popular.  De acordo com os relatos, o jovem estava noivo com uma das filhas, dita por muitos, como a mais bonita das filhas da família ‘SÉRGIO’ bastante conhecidos no distrito na época, que nós não iremos no aprofundar por falta de informação ainda.
No dia seguinte o jovem comerciante que tinha aproximadamente 22 anos, foi chamado pelo líder local dos ‘Aguiares’, o senhor Zé Aguiar como era conhecido, que o convocou a pedido do hóspede. Na reunião, Armando Aguiar teria feito o convite a Sancho para participar da sua política, na época, já era para começar a pedir voto para um deputado ligado à família naquele mesmo ano.
Dalí em diante, Sancho só cresceu no cenário político local. Na primeira eleição do município recém emancipado que aconteceu em 1958, Sancho já saiu como candidato a vice, na segunda eleição (1962) foi eleito vereador o mais votado, na terceira eleição (1966) foi eleito prefeito, na eleição seguinte indicou e elegeu seu companheiro José Aguiar Filho (1970) em 1972 foi candidato único e logicamente eleito; em 1976 indica Alexandre Fonseca Marques e o elege; em 1982, indica Francisco Xavier de Mesquita (seu cunhado) e também o elege; em 1988, juntamente com Nenen Mesquita elegem, Lucileda de Oliveira Lima (sua filha); em 1992 foi derrotado, voltando em 1996, como vereador, na eleição seguinte(2000) foi novamente eleito prefeito, em 2004 foi derrotado, em 2008, indica e elege Alex Sandro Oliveira (seu filho), este permanece até 2016, onde a exemplo do pai, indicou e elegeu Regina Lucia Vasconcelos Cordeiro...
A história política de Sancho é um verdadeiro manual da política senadorsaense, contá-la aqui em poucas páginas é algo impossível. Ressaltamos aos leitores que o resumo acima ainda é fruto de pesquisa em andamento, portanto, susceptíveis a erros e equívocos, todavia nada que venha modificar a essência histórica dos fatos.
Sancho é, e continuará sendo por muito tempo ainda, o personagem mais importante da nossa história política pós-emancipação, e o melhor, ainda vivo.
Parabéns senhor Sancho pelos seus 86 anos de muita história!

Matéria escrita por Robson Yguana
Escrita com base em depoimentos orais.
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