É
necessário arrumar as contas públicas? Sim! Quem, em sã consciência, discordará
disso? O problema é: por que cortar da Saúde e da Educação - que já são
áreas carentes de investimento e que atingem, em cheio, o coração dos mais
pobres do país? A questão toda é essa e não outra.
Um
dos argumentos para a aprovação da PEC é: grande parte do desequilíbrio
fiscal advém do crescimento dos gastos sociais. É verdade que houve
crescimento dos gastos sociais? Sim. Mas calma!
De
fato, houve um crescimento expressivo desse gasto entre 2002 e 2015, como
mostra este estudo.
O
acréscimo dos gastos sociais federais, no período de mais de uma década, foi da
ordem de 3 pontos percentuais do PIB, concentrado nas áreas de educação e
cultura (0,74 pontos percentuais do PIB), assistência social (0,78 pontos
percentuais do PIB), e previdência social (0,97 pontos percentuais do PIB).
Mas
isso é ruim? Ou não é importante a promoção social e ampliação do bem-estar da
população mais carente do país? Penso que sim. Foram estes gastos que tiraram
milhares de pessoas da miséria...
Agora,
a corda tinha que arrebentar do lado mais fraco. Como sempre. E o
resultado é este: Os parlamentares mais caros do planeta, com as maiores
regalias do mundo, decidindo sobre o corte de gastos no SUS e na educação
alegando que o Estado não tem dinheiro.
Só
pra te dar um exemplo: o Brasil gasta R$ 1 bilhão de reais por ano
para sustentar deputados e senadores! Para resolver esse problema existe a PEC
106/2015 que trata exatamente da redução de deputados e senadores. Foi
aprovada?... E nem será!
E
a gente pode falar do aumento para os Ministros dos Supremos que custará ao
Estado R$ 3,8 bilhões, ou dos auxílios moradias para os juízes que
custarão ao Estado R$ 860 milhões, os dos aumentos para vereadores (que
eles próprios se dão!), e etc.
Agora
pare e pense: por que, ao pensar em reduzir gastos públicos, partem pra cima
logo da Educação e da Saúde? Evidentemente porque é onde está a camada mais
pobre do país - e aí é tudo o que eles querem: o pobre doente e sem instrução
pra eles manipularem à vontade.
É
por isso que o István Mészáros já havia afirmado:
"Não se pode imaginar um sistema de
controle mais inexoravelmente absorvente - e, neste importante sentido,
totalitário - que o sistema do capital que sujeita cegamente aos mesmos
imperativos a questão da saúde e a do comércio, a educação e a agricultura, a
arte e a indústria, sobrepondo a tudo os seus próprios critérios de viabilidade
- tomando a decisão sempre a favor dos fortes e contra os fracos" (Para
além do Capital, p. 96)
Há
várias saídas. Que tal uma reforma tributária, que seja eficiente e equânime,
de modo a incentivar o crescimento econômico de longo prazo, reduzindo a
tributação do lucro e da produção das empresas? Seria ótimo: concentraria o
ajuste fiscal de curto prazo sobre uma pequena parcela da poupança dos mais
ricos.
Mas
não, né? Melhor cortar dos mais pobres. Com menos investimento em saúde o pobre
será forçado a fazer plano de saúde ou morrer. E sem investimento na Educação,
ficar sem estudar - porque nem as universidades públicas prestarão.
Como
comecei falando neste artigo, é necessário arrumar as contas públicas, sim. Tem
que controlar os gastos públicos, sim, mas poderia começar cortando as regalias
dos poderosos! Inclusive, a gente gasta rios de dinheiro, 50% do PIB, pagando
uma dívida pública que nunca passou por uma auditoria e não é nada mais que um
mega esquema de corrupção institucionalizado.
O
mais triste é saber que quem aprovou esse projeto absurdo rezou pedindo pra Deus ajudar...
Lembrei
do texto de 2 Crônicas, Cap. 10:
Teu pai, Roboão, fez duro o nosso jugo; agora,
pois, alivia tu a dura servidão de teu pai, e o pesado jugo que nos impôs, e
nós te serviremos. [...] E disse Roboão: meu pai agravou o vosso jugo, porém eu
o aumentarei mais; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei
com escorpiões.
Deus
tá vendo isso, viu?!
Do
jusbrasil, pagina do Wagner Franscesco.
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