Capelinha atualmente |
Até
o momento ainda não foi comprovado a data do sinistro, nem a idade da jovem na época
do ocorrido, o que se sabe até hoje, foi, e ainda é repassado através de fontes
orais, por meios de depoimentos de idosos, muitos deles, até devotos da finada.
Se
é fruto da imaginação, não sabemos, mas contam os mais velhos que Maria José era
uma jovem de mais ou menos 20 anos de idade, que residia em uma localidade as
margens do açude tucunduba, uns dizem ser a localidade Conhã, outros Croa do
Angico, outros, Boi Manso, porém nada confirmado, no entanto, os lugares são
vizinhos.
De
acordo com os relatos, o assassino da jovem foi um homem identificado como
sendo Chico Nicolau, o mesmo, conforme os narradores, tinha um ‘namorico’ com a
jovem, ‘que era considerada pura’ conformes os delatores, pois não havia ainda
conhecido um homem.
Chico
Nicolau vivia como cacheiro viajante, andando de cidade em cidade vendendo
coisas que levava em lombo de animais, e sempre em suas andanças passava na
casa da jovem. Certa vez, chico quis ‘usar a moça(sic)’, ela porem disse que só
depois de casar. Depois de muita insistência sem sucesso, chico convida a jovem
para fugir com ele para se casarem nas Pitombeiras, “e na inocênça, a bichinha
foi (sic)”, assim dito por um ancião. No trajeto, a cerca de meia légua para
chegar as pitombeiras, chico quis relações com a moça, que negou com a mesma história“
só depois de casar!” segundo nos foi relatado. Nisso, Chico Nicolau quis usar
da força para o ato, comprovado pelos mais velhos, porque “as roupas dela tava
toda rasgada”, encontrando resistência, chico a matou a paulada, e usou-a as
margens da estrada, depois a enterrou em cova rasa as margem de um riacho que
tinha ali perto, descrito por alguns como sendo arapuá, mas alguns dizem que o
correto é riacho do salgado.
A
notícia da fatalidade chegou as pitombeiras somente dias depois, quando um
morador da fazenda chamada barrocão, propriedade onde ficava o local do
sinistro, ao procurar por uma cabra parida, encontrou o corpo da moça.
Narram
os idosos, que o homem não havia encontrado a cabra, porém, ao perceber uns
aglomerados de urubus pairando no céu, supôs que o animal tivesse parido e as
aves de rapina queriam comer os cabritos, dirigiu-se então ao local. Ao se
aproximar começou a sentir o mau cheiro, e se aproximando mais, encontrou
apenas um monte de terra na areia do riacho, e ao mexer, percebeu que era uma
pessoa, “ foi susto grande qui ele pegou(sic)”.
O
vaqueiro, atordoado, veio a pitombeiras contar o fato ao então delegado,
(outros dizem que era o coronel) sobre o achado, porém não foi ouvido, pois,
segundo alguns depoimentos, no dito dia, havia tido uma briga de faca na cidade
e os dois brigões haviam se matado nas proximidades dos quartinhos, que hoje é
o mercado central, por isso o fato passou despercebido para a comunidade de
pitombeiras.
Algumas
pessoas por curiosidade foram até o local, e lá um grupo de homens removeram os
restos mortais para um local próximo para enterrar, nesta tarefa encontraram um
lenço bordado, que posteriormente foi entregue as autoridades locais, no lenço
tinha o nome de Maria José Teixeira.
A
tragédia foi algo muito badalado na região, pois era o primeiro estupro seguido
de morte que se tinha notícia naquela época por essas bandas, por tal
fatalidade incomum todos sentiam-se comovidos e sempre que alguém passava no
local “parava e rezava pela arma da Maria José”. O local do sepultamento era
apenas um “amuntuado de arêa e pedra com uma cruzinha de madeira amarrada de
moróró(sic)”, “a cruizinha” ou “as cruizinhas”, assim foi ficando conhecido o
local onde estava enterrada o corpo da jovem, algumas pessoas que passavam pelo
local além de rezar, faziam pedidos e promessas.
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Começou-se
a amontoar centenas de pernas, mãos, seios, coxas e cabeças de madeiras, como
símbolo do pedido atendido “ a pessoa quebrarra a perna e fazia a promessa de
tirar o teço, e si ficarra boa, lerrarra o milague(sic)”.
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O
tempo passou e a popularidade de Maria José só aumentava, até que um dia, não
se sabe ao certo quem, solicitou ao então bispo D. José Tupinambá da Frota que
fosse benzer a igrejinha, o que foi negado pelo religioso, muito respeitado na época,
tal qual nossos narradores “don jusé, disse qui a igreja era de manel marques e
não da diocese, e num benzeu(sic)”.
As
promessas feitas a Maria José Teixeira estão presentes até os dias de hoje, para
se ter um exemplo, o hospital municipal que leva o nome Maria José Teixeira, segundo
fontes, recebeu este nome em pagamento de promessa feita por José Rui Nogueira Aguiar,
que, segundo relatos, havia prometido colocar o nome da unidade caso fosse eleito
nas eleições de 1996, quanto foi candidato a prefeito pela primeira vez, vencidas as
eleições, alterou o nome da unidade que se chamava hospital e maternidade
Valdemar de Alcântara, em homenagem ao pai de Lúcio Alcântara, o nome de Maria
José permanece até hoje.
O
padre João Bosco Arruda Linhares, quando esteve no comando da paroquia de Nossa
Senhora do Amparo, de 2008 a 2011, ainda chegou a reformar a igrejinha que
vivia abandonada e tentou incentivar com o apoio da comunidade, uso do local
para pequenas celebrações, porém o mesmo foi transferido e o padre seguinte
(talvez) nem sabe que essa igreja existiu (e ainda existe).
Fonte:
Orais.
Monografia
de Francisca Machado.
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