Da
Coluna Valdemar Menezes, no O POVO deste domingo (10):
No momento em que o Palácio
do Planalto, a Procuradoria Geral da República (PGR), os procuradores da Lava
Jato, a República de Curitiba, e até o Supremo Tribunal Federal estão com as
entranhas expostas, passando pelo momento de maior vulnerabilidade de suas
imagens, acossados pela onda de delações, o sistema aciona a velha tática de
desviar as atenções da sociedade dos escândalos que corroem as altas esferas,
fazendo-as voltarem-se para alvos mais fáceis de atacar: os eternos “fregueses”
Lula, Dilma e o PT em geral. Foi assim, segundo muitos, que se insinuou na cena
política brasileira excepcionalidades gritantes e seletividades crescentes na
forma de atuação do aparato jurídico-institucional brasileiro.
A retaliação do establishment
a Lula já era esperada. Não foi improvisada, apenas aguardava o momento
político adequado: o fim da apoteótica visita de Lula ao Nordeste, onde lhe foi
reiterada a unção popular para voltar ao Planalto. A outra utilidade foi tirar
o foco dos escândalos que envolvem as forças golpistas e os que lhes dão
cobertura.
As instâncias públicas
acusatórias (PGR, Lava Jato) mais uma vez parecem sintonizar seu calendário com
o da pauta política, como se vem fazendo, aliás, desde o mensalão (o petista,
pois o tucano dorme em berço esplêndido).
Rodrigo Janot – ao denunciar
Lula, Dilma e outros membros do PT – fez uma jogada que mais o diminuiu do que
o ajudou a sair das dificuldades em que se meteu junto com a Lava Jato. Nessa
avaliação, ambos (PGR e Lava Jato) saem extremamente desgastados. Só o Supremo
poderia colocar o Brasil nos trilhos da legalidade. Mas, pelo que transpareceu
nestes dias, a própria Corte teria de se cuidar frente a ousadia de alguns.
Repete-se, igualmente, a
tática “bandeirosa” de buscar um delator desesperado que, para escapar da
agonia de um cárcere massacrante, se presta a qualquer coisa. As afirmações de
Antônio Palocci foram por ouvir dizer – segundo o próprio – ou, sem testemunha
até o momento para atestar o que teria presenciado. Não é pelo fato de ter sido
uma pessoa da cúpula que deve ser dispensado de apresentar provas (lembram-se
de Delcídio do Amaral?). Ademais, confessa buscar obter “benefícios” para si,
ao apresentar uma versão totalmente oposta à anterior (isto é, antes das
condenações e de passar um tempo na prisão). Sua versão é negada por Emílio
Odebrecht que, ao contrário de Palocci, tinha a obrigação de dizer a verdade.
(Via Eliomar)
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