Confira
abaixo a matéria na integra:
“Em
nenhuma capital brasileira, a juventude corre mais risco que em Fortaleza. O
número de assassinatos na faixa etária de 16 e 17 anos supera a de países em
guerra. Nos indicadores gerais de violência, a capital cearense ocupa o
vergonhoso 12° lugar entre as piores cidades do mundo para se viver. A
deterioração da segurança pública é mais que o resultado de uma década de
fracasso do governo cearense na gestão de segurança pública. O Ceará virou a
offshore da principal organização criminosa em atividade no Brasil, o PCC. O
sinal mais evidente da importância do Ceará nas operações do grupo era que o
controle da quadrilha no Estado estava nas mãos de Alejandro Herbas Camacho
Junior, irmão caçula de Marcos Willians Camacho, o Marcola, líder máximo do
PCC. Alejandro Herbas foi preso em março pela Polícia Federal. Considerado o
“CEO” da organização, Herbas é o principal nome depois de Marcola. Além de
cuidar de perto dos negócios na Região Nordeste, ele dava as cartas em todas as
ações do PCC nos demais Estados. Segundo os investigadores cearenses, ele
coordenava uma intrincada rede de empresas de fachada usadas para lavar a
fortuna originada do tráfico de drogas, assaltos a bancos e das mensalidades
cobradas dos presos – hoje estipulada em R$ 750. Até ser preso pela PF, há três
meses, Herbas viveu uma vida de fausto no Ceará. Tinha mansões em alguns dos
principais cartões-postais do Ceará: a praia de Porto das Dunas, no município
de Aquiraz, na idílica Cumbuco, em Caucaia, e em Lagoinha, na cidade de
Paraipaba. Nada menos que 40 policiais militares trabalhavam em sua segurança
pessoal.
As
investigações apontam para as novas ambições do PCC. Os policiais envolvidos no
monitoramento da organização descobriram que a quadrilha tem aspirações
políticas. Sob as ordens de Herbas, o PCC trabalha para eleger 10 prefeitos e
50 vereadores no Ceará. Com a proibição do financiamento por empresas privadas,
o PCC se projeta como uma importante força para irrigar as campanhas. As
conversas da quadrilha foram relatadas à polícia por fontes infiltradas na
organização. Os alvos do PCC são as disputas pela prefeitura de Mombaça, Caucaia e Itatira. A
primeira delas é por razões afetivas. O irmão de Marcola morou na cidade. A
segunda é a jóia da coroa. Com a segunda maior população do Ceará, Caucaia é
vista pela organização como estratégica. A polícia não identificou quem é o
candidato do PCC. Atualmente, as pesquisas apontam a liderança do deputado
estadual Naumir Amorim (PMB). O parlamentar apresenta uma folha corrida de 148
processos, entre os quais dois por homicídio. O clima político em Caucaia está
tão conflagrado que nos últimos meses os opositores a candidatura de Amorim têm
sofrido uma série de ameaças. O coordenador de campanha do PSDB, Marcos Correa,
foi alvo de três tentativas de sequestro em 60 dias. Para o delegado Jurandir
Braga Nunes, a violência não tem conexões com crimes comuns. “Esses atentados
não são assaltos. São obra do PCC”, afirma. Em outra cidade, Itatira, a polícia
acompanha as movimentações do PCC para lançar a candidatura de um dos irmãos de
Jussivan Alves, o Alemão, que em 2005 comandou o assalto ao Banco Central em
Fortaleza. Para Francisco Carlos Crisóstomo, chefe do Departamento de Inteligência
Policial(DIP), da Polícia Civil do Ceará, não há dúvidas de que as candidaturas
serão financiadas pelo PCC”.
Veja na fonte; http://istoe.com.br/acao-politica-do-pcc/.
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